Este é o Miscelânea, por Júlio Lucas

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segunda-feira, 3 de maio de 2021

BOMBANDO NA WEB

Sim, aqui também tem BBB e Faustão: 

TV aberta se sustenta nas novas plataformas

Na volta à antiga casa, muitos apostam no retorno de um Fausto Silva mais libertário. 


Não tem como escapar do apelo popular da escolha do elenco final do BBB 21, reality da Rede Globo que termina na próxima terça (04). Trechos compilados exibindo no último domingo a trajetória de cada finalista e de Gil do Vigor, o 16º eliminado da edição, são os assuntos que estão Bombando na Web. Uma mostra de que em tempos de internet, a TV aberta tem se sustentado em destaque nas novas plataformas.

Na síntese da síntese, se realizando ou não os prognósticos dos internautas, podemos caracterizar o que cada um dos quatro últimos concorrentes vivenciou na temporada: O economista Gilberto, libertação; Fiuk, autoconhecimento; Camila, um principado; Juliete, o reinado.

Por falar em Big Brother, já que o Bombando na Web vem se especializando em entretenimento e fofoca (tomara que não), aí vai mais uma: Desde que rumores deram conta do fim do Domingão do Faustão, que sites, blogs, canais e perfis vêm especulando qual será o rumo de Fausto Silva. O apresentador, que tem comandado a audiência nas tardes de domingo nos últimos 33 anos, admitiu o definitivo encerramento de contrato com a Globo previsto para o final de 2021. Há três dias o grupo Bandeirantes confirmou o retorno do comunicador à antiga casa, sendo o acordo “a realização de um antigo sonho”.

Em nota, a Globo reforçou por meio de sua assessoria que a decisão de sair partiu do apresentador, e que a emissora tem enorme orgulho dos 32 anos de parceria com ele. Certamente não será por questões financeiras a mudança, visto que dinheiro não é problema para Fausto Silva, que deixa uma empresa “quase perfeita”, em suas palavras.

Ao que tudo indica, a Globo defende nesses tempos atribulados para a TV aberta seu compromisso com inovação na tentativa de se reinventar se sustentando no topo - corre por aí que mudanças de formato e novo horário estavam nos projetos da empresa e não nos planos do contratado – o que desagradaria Faustão nas negociações por mais um período. A Band vem na contramão, investindo alto (na medida do possível) em contratações clássicas de peso. 

Mesmo sem dar muitas pistas do que virá nessa parceria em 2022,  o grupo dos irmãos Saad deixa escapar que pode entrar no ar um programa semanal aos domingos, a partir das 20h, ou um diário, no final das noites de segunda a sexta com Fausto Silva no comando. 

Ambas hipóteses se identificam com saudosistas que apostam no retorno do apresentador com algo mais próximo ao seu espírito libertário no antigo Perdidos na Noite, programa escrachado que marcou a década de 80 e catapultou Faustão com o melhor do seu humor ácido à toda poderosa das comunicações.

terça-feira, 27 de abril de 2021

Oscar 2021: Veja lista dos indicados e os filmes premiados



Melhor filme

"Meu pai"

'"Judas e o messias negro"

"Mank"

"Minari"

"Nomadland" (premiado)

"Bela vingança"

"O som do silêncio"

"Os 7 de Chicago"

 

Melhor atriz

Viola Davis - "A voz suprema do blues"

Andra Day - "Estados Unidos Vs Billie Holiday"

Vanessa Kirby - "Pieces of a woman"

Frances McDormand - "Nomadland" (premiada)

Carey Mulligan - "Bela vingança"

 

Melhor ator

Riz Ahmed - "O som do silêncio"

Chadwick Boseman - "A voz suprema do blues"

Anthony Hopkins - "Meu pai" (premiado)

Gary Oldman - "Mank"

Steve Yeun - "Minari"

 

Melhor direção

Thomas Vinterberg - "Druk - Mais uma rodada"

David Fincher - "Mank"

Lee Isaac Chung - "Minari"

Chloé Zhao - "Nomadland" (premiada)

Emerald Fennell - "Bela vingança"

 

Melhor atriz coadjuvante

Maria Bakalova - "Borat: fita de cinema seguinte"

Glenn Close - "Era uma vez um sonho"

Olivia Colman - "Meu pai"

Amanda Seyfried - "Mank"

Youn Yuh-jung - "Minari" (premiada)

 

Melhor ator coadjuvante

Sacha Baron Cohen - "Os 7 de Chicago"

Daniel Kaluuya - "Judas e o messias negro" (premiado)

Leslie Odom Jr. - "Uma noite em Miami"

Paul Raci - "O som do silêncio"

Lakeith Stanfield - "Judas e o messias negro"

 

Melhor filme internacional

"Druk - Mais uma rodada" / Dinamarca (premiado)

"Shaonian de ni" / Hong Kong

"Collective" / Romênia

"O homem que vendeu sua pele" /Tunísia

"Quo vadis, Aida?" /Bósnia e Herzegovina

 

Melhor roteiro adaptado

"Borat: fita de cinema seguinte"

"Meu pai" (premiado)

"Nomadland"

"Uma noite em Miami"

"O tigre branco"

Roteirista de 'Meu Pai' no Oscar — Foto: Reprodução

 

Melhor roteiro original

"Judas e o Messias negro"

"Minari"

"Bela vingança" (premiado)

"O som do silêncio"

"Os 7 de Chicago"

 

Melhor figurino

"Emma"

"A voz suprema do blues" (premiado)

"Mank"

"Mulan"

"Pinóquio"

 

Melhor trilha sonora

"Destacamento blood"

"Mank"

"Minari"

"Relatos do mundo"

"Soul" (premiado)

 

Melhor animação

"Dois irmãos: Uma jornada fantástica"

"A caminho da lua"

"Shaun, o Carneiro: O Filme - A fazenda contra-ataca"

"Soul" (premiado)

"Wolfwalkers"

 

Melhor curta de animação

"Burrow"

"Genius Loci"

"If anything happens I love you" (premiado)

"Opera"

"Yes people"

 

Melhor curta-metragem em live action

"Feeling through"

"The letter room'"

"The present"

'"Two distant strangers" (premiado)

"White Eye"

 

Melhor documentário

"Collective"

"Crip camp"

"The mole agent"

"My octopus teacher" (premiado)

"Time"

 

Melhor documentário de curta-metragem

"Colette" (premiado)

"A concerto is a conversation"

"Do not split"

"Hunger ward"

"A love song for Natasha"

 

Melhor som

"Greyhound: Na mira do inimigo"

"Mank"

"Relatos do mundo"

"Soul"

"O som do silêncio" (premiado)

 

Canção original

"Fight for you" - "Judas e o messias negro" (premiado)

"Hear my voice" - "Os 7 de Chicago"

"Husa'vik" - "Festival Eurovision da Canção: A saga de Sigrit e Lars"

"Io sì" - "Rosa e Momo"

"Speak now" - "Uma noite em Miami"

 

Maquiagem e cabelo

"Emma"

"Era uma vez um sonho"

"A voz suprema do blues" (premiado)

"Mank"

"Pinóquio"

 

Efeitos visuais

"Problemas monstruosos"

"O céu da meia-noite"

"Mulan"

"O grande Ivan"

"Tenet" (premiado)

 

Melhor fotografia

"Judas e o messias negro"

"Mank" (premiado)

"Relatos do mundo"

"Nomadland"

"Os 7 de Chicago"

 

Melhor edição

"Meu pai"

"Nomadland"

"Bela vingança"

"O som do silêncio" (premiado)

"Os 7 de Chicago"

 

Melhor design de produção

"Meu pai"

"A voz suprema do blues"

"Mank" (premiado)

"Relatos do mundo"

"Tenet"

domingo, 25 de abril de 2021

Todo mundo quer saber: Quem vai receber a estatueta em tempos de pandemia?

#oscar2021 - Façam as suas apostas!

"Nomadland" - Favoritismo com crítica social e produção modesta
"Nomadland" - Favoritismo com crítica social e produção modesta


A mais importante premiação do cinema acontece neste domingo (25). O Oscar 2021. E o público amante do cinema vem torcendo pelos seus favoritos e fazendo suas apostas nas redes sociais.
Em um ano atípico que promete muitas mudanças, não só por conta da pandemia, como não poderia deixar de ser, a cerimônia reserva outras grandes surpresas.
É certo que a Covid 19 obrigou o adiamento da data para hoje, 25 de abril. A quarta vez que isso acontece na história de 93 anos da premiação. O formato do cerimonial também ganha mudanças inéditas. Apenas os indicados, apresentadores e seus acompanhantes devem comparecer pessoalmente ao evento, além da equipe técnica, obviamente.
A apresentação logo mais vai se dividir entre a Dolby Theater, a tradicional casa do Oscar em Hollywood, e a Union Station, estação de trem no centro de Los Angeles, local mais amplo onde será possível manter o distanciamento entre os convidados. O formato hibrido é uma estratégia para evitar a transmissão fria completamente remota que não teve boa audiência no Emmy e no Globo de Ouro.
Mas os sinais de um novo tempo vão muito além dos protocolos de distanciamento por conta da Covid-19. A gradual consolidação do movimento hashgtag #OscarsSoWhite (algo como "O Oscar é tão branco"), que viralizou desde 2015, pressionando Hollywood a privilegiar cada vez mais a diversidade em suas indicações, juntamente com os cinemas fechados e estreias em plataformas de streamings, fez com que a Academia abrisse os olhos para produções mais modestas e oxigenando o favoritismo entre atores negros, além de destacar mulheres e cineastas de origem asiática na disputa pela estatueta de melhor direção.
Boa parte das fichas nas categorias de interpretação vão para o falecido Chadwick Boseman (Pantera Negra) e Viola Davis ("A Voz Suprema do Blues"), Daniel Kaluuya ("Judas e o Messias Negro") e a sul-coreana Youn Yuh-jung ("Minari"). A chinesa Chloé Zhao, é favorita para o Oscar de direção por "Nomadland".
Aliás, a considerar os prognósticos apontados nas premiações organizadas pelos diferentes sindicatos de Hollywood, que costumam anteceder o Oscar, ”Nomadland" é o grande favorito desta noite com seis indicações ao Oscar. Em boa hora pode chegar o inédito prêmio para resgatar a gigantesca Disney da desconfiança do público mais exigente após as duras críticas de racismo contidos nos clássicos que a fizeram rever seus conceitos nestes últimos anos. O curioso é isso acontecer justamente com um título modesto da franquia Searchlight Pictures, um braço independente da antiga Fox, hoje do grupo da toda poderosa das animações.
São quatro organizações principais que podem nortear o caminho das estatuetas. PGA: Sindicato dos Produtores da América; DGA: Sindicato dos Diretores da América; SAG: Sindicato dos Atores; WGA: Sindicato dos Roteiristas da América. A maioria dos eleitores desses sindicatos são os mesmos que votam no Oscar, tornando algumas premiações previsíveis. Previsíveis sim, certas não.
O prêmio do PGA é o principal indicador para a categoria de Melhor Filme, o vencedor foi Nomadland, enquanto a animação foi Soul, da Pixar.
O longa estrelado por Frances McDormand, apresenta uma trama inspirada no livro de Jessica Bruder e acompanha uma mulher de 60 anos que perde tudo durante a recessão e passa a viver como uma espécie de nômade, fazendo trabalhos sazonais enquanto viaja pelo oeste americano. A animação da Pixar fala sobre vida, morte e alma. Além de “Nomadland”, o favorito, os outros indicados ao Oscar 2021 de Melhor Filme são: “Meu Pai”, “Judas e o Messias Negro”, “Mank”, “Minari”, “Bela Vingança”, “O Som do Silêncio” e “Os 7 de Chicago”.
O DGA premia os melhores diretores e diretoras do ano. A cerimônia do Sindicato também premiou Chloé Zhao por “Nomadland” na categoria principal. Zhao segue como a favorita para o prêmio da Academia. Se isso se confirmar, ela será a segunda mulher a vencer o prêmio de direção no Oscar, que indicou apenas sete mulheres em toda a história do Oscar.
O Sindicato dos Atores premiou nas categorias de atuação “Os 7 de Chicago” com o Melhor Elenco de Filme, e Chadwick Boseman levou o prêmio de Melhor Ator por “A Voz Suprema do Blues”, mesmo filme que garantiu Viola Davis ganhadora como Melhor Atriz. Na parte de coadjuvantes, Youn Yuh-Jung recebeu Melhor Atriz por “Minari”, e Daniel Kaluuya ganhou por “Judas e o Messias Negro”.
Ainda correm entre os indicados ao Oscar 2021 de Melhor Ator, além de Boseman: Riz Ahmed por “O Som do Silêncio”, o veterano Anthony Hopkins por “Meu Pai”, Gary Oldman com  “Mank” e Steven Yeun em “Minari”.
As indicadas ao Oscar 2021 de Melhor Atriz: Viola Davis, como não poderia ficar de fora, Andra Day por “The United States vs. Billie Holiday”, Vanessa Kirby por “Pieces of a Woman”, Frances McDormand por “Nomadland” e Carey Mulligan por “Bela Vingança”.
 
Os indicados para Melhor Ator Coadjuvante são Sacha Baron Cohen por “Os 7 de Chicago”, Daniel Kaluuya por “Judas e o Messias Negro” – favorito, Leslie Odom Jr. por “Uma Noite em Miami”, Paul Raci por “O Som do Silêncio” e Lakeith Stanfield por “Judas e o Messias Negro”.
Ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante estão no páreo: Maria Bakalova por “Borat: Fita de Cinema Seguinte”, a veterana Glenn Close por “Era uma Vez um Sonho”, Olivia Colman por “Meu Pai”, Amanda Seyfried por “Mank”. Yuh-Jung Youn por “Minari” – favorita.
O WGA, que escolhe os melhores roteiros do ano aconteceu nessa quarta, 21 de abril. Melhor Roteiro Original foi para “Bela Vingança”, escrita por Emerald Fennell; Melhor Roteiro Adaptado: “Borat: Fita de Cinema Seguinte”, Roteiro de Sacha Baron Cohen & Anthony Hines, Dan Swimer, Peter Baynham, Erica Rivinoja, Dan Mazer, Jena Friedman e Lee Kern.
Confira os indicados ao Oscar Melhor Roteiro Original: “Judas e o Messias Negro”, “Bela Vingança” (Favorito), “O Som do Silêncio” e “Os 7 de Chicago”.
Os indicados ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado são “Borat: Fita de Cinema Seguinte” (Favorito), “Uma Noite em Miami”, “O Tigre Branco”.
A pandemia forçou ainda diversas mudanças nas regras da Academia. Com o fechamento de cinemas, o lançamento disponível por meio e formato digitais também está permitido. Este fator foi fundamental para ampliar a quantidade de filmes feitos originalmente para plataformas de streaming, como a NetFlix.
Se há alguns anos o júri dos festivais entortava a boca para esse segmento, entre os estúdios, a liderança da Netflix é inegável em 2021. A plataforma consolidou sua posição que já vinha construindo há alguns anos e recebeu 35 indicações: “Mank” (10), “Os 7 de Chicago” (6), “A Voz Suprema do Blues” (5), “Era uma Vez um Sonho” (2), “Crip Camp” (1), “Destacamento Blood” (1), “Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars” (1), “Rosa e Momo” (1), “O Céu da Meia-Noite (1)”, “Professor Polvo” (1), “A Caminho da Lua” (1), “Pieces of a Woman” (1), “Shaun, o Carneiro, o Filme: A Fazenda Contra-Ataca” (1) e “O Tigre Branco” (1). Também produtora em streamings, o Amazon Studios, ficou com 12 indicações. Entre os outros stremings, a Apple teve duas indicações, e o Hulu teve uma. Os estúdios tradicionais como Warner (8 indicações), Disney (8), Focus Features (7), Sony (6), A24 (6) e Searchlight (6).
Depois de uma passagem discreta por premiações anteriores, “Mank”, filme de David Fincher produzido pela Netflix, lidera a lista, com dez indicações.
Com prêmios do PGA e do DGA, os criadores de "Nomadland" já devem estar com seus discursos de agradecimento preparados e afiados para a noite de premiação. Mas há que se terem precaução, visto que volta e meia acontecem zebras.
Sem vitória antecipada por essas organizações o sul-coreano "Parasita", grande azarão no ano passado, derrotou o favorito inglês "1917".
O mexicano “Roma”, produção da NetFlix, surpreendeu em 2019 ao abrir a porteira de premiações para a plataforma streaming com dez indicações, ficando com três estatuetas.
Em 2017, a surpresa foi mais escandalosa. O musical "La la land" perdeu para "Moonlight", quando aconteceu aquele mico histórico: a estatueta foi entregue equivocadamente à equipe do favorito e logo os apresentadores, alertados pela produção, tiveram que corrigir o erro interrompendo os discursos e pegando de volta o prêmio para entregar aos verdadeiros ganhadores. 
Isso significa que, com tantas mudanças no Oscar 2021, improvável podem acontecer dando um gostinho a mais na audiência e quebrando a banca de apostas.

sábado, 12 de dezembro de 2020

Como David Guetta tornou-se uma entidade da música eletrônica? Conheça sua história!

















(Por CaioLucas, originalmente publicado para PlayBPM)


Você nem precisa escutar música eletrônica para conhecer o francês David Guetta. Ele é certamente o DJ mais famoso do mundo. Carregando sempre uma multidão de fãs por qualquer lugar que passe, é conhecido por ser uma máquina de produzir hits. Precursor das parcerias com artistas pop, muito antes de Avicii ou mesmo Calvin Harris, o “titio” Guetta já tem dois Grammys no currículo e incontáveis certificados de ouro e platina. Único DJ que já se apresentou em todas as 15 edições do Tomorrowland, Guetta inaugurou uma nova era na música eletrônica no início da década passada, fazendo com que essa vertente musical finalmente atingisse as massas. Ele com certeza é uma lenda viva na cena e isso não há como negar! Mas, será que você conhece a trajetória do astro?


O INÍCIO DE UM PRODÍGIO


Pierre David Guetta nasceu em Paris, na França, no dia 7 de novembro de 1967. Pois é, mesmo com 53 anos, o francês demonstra em cada uma de suas apresentações que ainda possui tanta energia e empolgação quanto um adolescente.
Seu interesse pelo mundo da música teve início aos 17 anos de idade. Guetta deu início à sua carreira de DJ no Broad Club, em Paris, onde tocava apenas os hits mais conhecidos da época. Foi só em 1987 que ele esbarrou com uma track do DJ Farley Keith na rádio e se apaixonou pela música house, momento visto por muitos como o real despertar dessa fera que conhecemos hoje.
Daí pra frente, David começou a organizar as suas noites em clubs com suas setlists e regras próprias. Até que em 1990, em parceria com o rapper Sidney Duteil, lançou o seu primeiro single, intitulado ‘Nation Rap’.
Quatro anos depois, em colaboração com o vocalista Robert Ownes, Guetta lançava a sua segunda track, ‘Up & Away’. Neste mesmo ano, tornou-se gerente de uma casa noturna na cidade de Le Palace, onde começou a organizar as festas extremamente memoráveis que contribuíram para construir a imagem que o DJ tem hoje.


A ASCENSÃO GLOBAL

Mas foi só em 2001 – com o lançamento do hit ‘Just a Little More Love’ – que ele se tornou mundialmente conhecido. Produzido ao lado de Chris Willis e Joachim Garraud, o single foi um sucesso imediato, dando origem ao primeiro álbum de estúdio de Guetta. Com o mesmo título do single anterior, o disco estourou nas rádios do mundo todo em velocidade recorde e vendeu mais de 300 mil cópias no ano de 2002.
Outro grande passo marcante da carreira de Guetta foi o clipe da música ‘Love is Gone’, do álbum ‘Pop Life’, lançado em 2007. Qualquer usuário do Orkut na época com certeza vai se lembrar desse clássico, que fez um sucesso tão absurdo da noite pro dia que bate a nostalgia só de escutar os vocais.


A FANTÁSTICA CONSISTÊNCIA

No ano de 2009, David Guetta produziu a icônica ‘I Got a Feeling’ da banda Black Eyed Peas, que se tornou um hit em todo o mundo e se manteve no topo das paradas por um bom tempo em dezessete países.
Já em 2010, um dos álbuns mais espetaculares da carreira do francês era lançado. Com uma tracklist recheada de sucessos memoráveis – como ‘When Love Takes Over’, ‘Sexy Bitch’, ‘Memories’ e ‘The World is Mine’ – ‘One More Love’ vendeu mais de quatro milhões de cópias e recebeu certificado de platina em sete países.
Em 2011, Guetta lançava o seu documentário ‘Nothing But the Beat’, que conta um pouco da sua história até chegar ao patamar revolucionário na indústria musical.
Seu quinto disco, com o mesmo nome do documentário, foi lançado em agosto de 2011 como álbum duplo: um disco eletrônico e outro com vocais. O DJ francês inspirou-se em bandas como Kings of Leon e Coldplay para adicionar influências de rock em suas produções. Na lista de músicas, tracks atemporais como ‘Titanium’, ‘Turn me On’, ‘She Wolf’, ‘Play Hard’ e ‘Sunshine’ conduziram as cinco milhões de vendas e oito certificados de platina conquistados.
Em 2014, Guetta lançou o novo álbum, ‘Listen’, que contou com a participação de artistas do R&B, hip hop, rock alternativo e pop, como Nicki Minaj, John Legend, Sia, Magic!, Bebe Rexha e Skylar Grey. Ele também possui produção adicional de DJs de peso, como Avicii, Afrojack, Nicky Romero, Showtek e Stadiumx entre outros.


O RETORNO ÀS RAÍZES
Agosto de 2018 era chegado o momento de David Guetta retornar com seu projeto alternativo ‘Jack Back’. Representando os diversos lados de sua jornada musical, o retorno do “titio” às suas raízes no underground repercutiu rapidamente em toda a indústria, com lançamentos pelas maiores gravadoras do cenário, como a Tolroom e a Defected Records.
Em setembro de 2018, Guetta lançava seu sétimo álbum intitulado “7”. Esta produção mostra as diferentes facetas do trabalho do DJ e se divide em dois álbuns. O primeiro tem 15 faixas, que deram ao pop uma cara mais dance, com colaborações de Bebe Rexha, J.Balvin, Jason Derulo, Justin Bieber, Nicki Minaj, Sia, Black Coffee, Steve Aoki, Martin Garrix e muito mais. Já o segundo apresenta outras 12 tracks, as quais fazem parte de seu projeto underground Jack Back. O álbum mostrou a rica musicalidade e versatilidade do artista, que consegue misturar a música eletrônica com diferentes gêneros, como o pop, hip hop e trap.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

PAUSAPARAPOESIA: Dois poemas de Clarice Lispector para Clarice Lispector


Cklarice Lispector nasceu em 10 de dezembro de 1920 (Chechelnyk, Ucrânia) 
e faleceu em 9 de dezembro de 1977 (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro)



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ESTRELA PERIGOSA


Estrela perigosa
Rosto ao vento
Marulho e silêncio
leve porcelana
templo submerso
trigo e vinho
tristeza de coisa vivida
árvores já floresceram
o sal trazido pelo vento
conhecimento por encantação
esqueleto de idéias
ora pro nobis
Decompor a luz
mistério de estrelas
paixão pela exatidão
caça aos vagalumes.
Vagalume é como orvalho
Diálogos que disfarçam conflitos por explodir
Ela pode ser venenosa como às vezes o cogumelo é.
No obscuro erotismo de vida cheia
nodosas raízes.
Missa negra, feiticeiros.
Na proximidade de fontes,
lagos e cachoeiras
braços e pernas e olhos,
todos mortos se misturam e clamam por vida.
Sinto a falta dele
como se me faltasse um dente na frente:
excrucitante.
Que medo alegre,
o de te esperar.



(Clarice Lispector)



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MINHA ALMA TEM O PESO DA LUZ


Minha alma tem o peso da luz.
Tem o peso da música.
Tem o peso da palavra nunca dita,
prestes quem sabe a ser dita.
Tem o peso de uma lembrança.
Tem o peso de uma saudade.
Tem o peso de um olhar.
Pesa como pesa uma ausência.
E a lágrima que não se chorou.
Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.



                                                                                        (Clarice Lispector)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Edição Especial da Flipelô começa hoje

Por conta da pandemia todas as atividades serão virtuais (Foto: Divulgação Flipelô.org)  

Começa logo mais às 14h a Edição Especial da Festa Literária Internacional do Pelourinho – FLIPELÔ. Com vasta programação totalmente online que se estende até domingo (13 de dezembro), o evento homenageia este ano o próprio Pelourinho - ou Pelô, como é carinhosamente chamado o bairro da cidade de Salvador, localizado no Centro Histórico da cidade - onde acontece todos os anos a Festa literária.


Serão realizadas mais de 47 atividades online e a participação de 64 convidados, em mesas de debate, saraus, espetáculos lítero-musicais, contação de histórias, oficinas e podcasts, tudo transmitido virtualmente pelo canal www.youtube.com/flipelo. As atividades também podem ser acompanhadas pelas redes sociais Instagram.com/flipelo e Facebook.com/flipelo. A realização é da Fundação Casa de Jorge Amado e do Sesc – Serviço Social do Comércio. 


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CONFIRA A PROGRAMAÇÃO A SEGUIR

(HOJE) 10 de Dezembro:
14:00 - 16:00 Oficina de Criação Literária Arte da Palavra – Thiago Tizzot
19:00 Mesa de abertura: “Bem-vindo ao Pelô! Gentes, literatura, passados, presentes…”, com Chico Sena (BA) e Carla Akotirene (BA). Mediação: Denny Fingergut (BA).

(SEXTA) 11 de Dezembro:
09:00 Contação de história com Rafahel Ramos (BA)
10:00 - 12:00 Oficina – Como Criar Saraus nas Quebradas?! – Sandro Sussuarana
10:00 Espetáculo literomusical infantil – Boquinha… E Assim Surgiu o Mundo…
10:00 - 12:00 Oficina – Noções de Narrações de Histórias – Augusto Pessoa
11:00 Mesa – Sou Nerd, sou Geek e o que mais eu quiser! Com a Palavra, os Gamers – Anne Quiangala e Leandro Villa – mediação de Renato Cordeiro
12:00 Rota Gastronômica – vídeo com receita
12:30 Rota das Artes Pelourinho – vídeo de abertura
13:00 Contação de Histórias com Dona Cici
13:30 Oficinas do Centro de Formação Artesanal do Sesc Bahia
14:00 - 16:00 Oficina de Criação Literária Arte da Palavra – Thiago Tizzot
14:00 Mesa – Arte que Empreende: Economia e Processos Criativos – Jair Marcatti e Ayrson Heráclito – mediação de Daniele Canedo
15:00 - 17:00 Roda de Conversa – Leituras de Antônio Torres: Vem Conversar! – Rosinês Duarte
15:00 Contação de Histórias com Mabel Veloso
16:00 Mesa – Leitura e Escrita de Qualidade para Todos: um Desafio, um Compromisso – Márcia Licá e Wagner Santana – mediação Neide Almeida
17:00 Contação de Histórias com Augusto Pessoa
18:00 Mesa – O que quer, o que pode esta rima! Poesias, Ideias, Teimosias e Afins… Sergio Vaz e Preta Rara – mediação de Edvard Passos
19:00 Sarau Flipelô – apresentação de Daniel Farias – Denisson Palumbo, Filipe Lorenzo, Lívia Natália e Raiça Bomfim
20:00 Sarau das Mulheres – Clarissa Macedo, Inaê Sodré, Jaquinha Nogueira, Ludmila Singa, Marcela Brito, Mariana Guimarães e Mariana Paim.
21:00 Show/live do Paulinho Boca em homenagem a Moraes Moreira

(SÁBADO) 12 de Dezembro:
09:00 Espetáculo litero-musical infantil – Encontro com o Pequeno Príncipe Preto
10:00 - 12:00 Oficina – Como Criar Saraus nas Quebradas?! – Sandro Sussuarana
10:00 - 12:00 Oficina – Noções de Narrações de Histórias – Augusto Pessoa
10:00 Mesa – #partiuFlipelô Sou da Bahia e tô Bombando nas Redes! Iuri Sotero, Ivan Mesquita, Deko Lipe e Carol Adesewa – mediação Renato Cordeiro
11:00 Mesa Com a Palavra o Escritor – Milton Hatoum – mediação Rodrigo Casarin
12:00 Rota Gastronômica – vídeo com receita
12:30 Exposição Pelo Pelô – artistas: Alvaro Vilela, Isa Oliveira, Leonel Mattos, L. Folgueira, Marcos Costa Cabuloso, Mário Edson, Raimundo Bida, Tereza Mazzoli, Totonho e Vander Designer
13:00 Contação de Histórias com Dona Cici
13:30 Oficinas do Centro de Formação Artesanal do Sesc Bahia
14:00 Mesa Internacional – Pepetela – mediação Rita Chaves
15:00 - 17:00 Roda de conversa – Leituras de Luiz Gama: Vem Conversar! – Rosinês Duarte
15:00 Contação de Histórias com Mabel Veloso
16:00 Mesa – Aventuras Amadianas: dos Livros para as Telonas – Cecília Amado e Marcelo Farias 
17:00 Contação de Histórias com Augusto Pessoa
18:00 Mesa Vem, meu amor, falar das poéticas musicais do Olodum – Alberto Pita, Tonho Matéria e Sílvio Almeida – mediação João Jorge
19:00 Sarau Flipelô – apresentação de Talis Castro – Alex Simões, Sandro Sussuarana, Luz Ribeiro e Aiace
20:00 Show/live do cantor Gerônimo em homenagem ao Pelourinho

(DOMINGO) 13 de Dezembro:
09:09 Espetáculo literomusical infantil – Tapetes contadores de histórias
11:00 Live da Missa Rosário dos Pretos
11:00 Espetáculo infantil – Toada Crianceira: cancioneiro brincante da infância com Canastra Real (SP)
12:00 Rota Gastronômica – vídeo com receita
12:30 Exposição “Rota das Artes no Pelourinho”
13:00 Contação de Histórias com Dona Cici
13:30 Oficinas do Centro de Formação Artesanal do Sesc Bahia
14:00 Show da Banda Agentes do Metrô (apresentação gravada) (BA)
15:00 - 17:00 Roda de Conversa – Clarice Lispector- Rosinês Duarte
15:00 Contação de Histórias com Mabel Veloso
16:00 Mesa 11: Roda de conversa – “Tradições tecidas em redes de ontem e de hoje”, com Karine Santos (Wakanda)(BA) e Cleidiana Ramos (BA)
17:00 Contação de Histórias com Augusto Pessoa
18:00 Mesa – Poesia Épica dos Brasis: o longo fôlego na contemporaneidade – Cida Pedrosa, Mailson Furtado – mediação – José Inácio Vieira de Melo
19:00 Encerramento show/live do grupo Olodum

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

MISCELÂNEA, por Júlio Lucas: Curta, comente e socialize

Logotipo do blog Miscelânea por Júlio Lucas. Título sobre imagens de Júlio Lucas entrevistando ou ao lado de vários artistas. logo abaixo, o slogan: ARTE, CULTURA E INFORMAÇÃO.



 

sábado, 5 de dezembro de 2020

Jequié celebra Dia da Cultura, em tempos de pandemia

Não fosse a pandemia, certamente neste sábado (05/12/20) a principal praça do município de Jequié (Praça Rui Barbosa) estaria repleta de cores, ritmos, sabores e poesia por conta das performances e participações voluntáriosas dos artistas, produtores culturais e demais filhos da terra do poeta Waly Salomão.

Hoje é o Dia Nacional da Cultura, justamente em homenagem ao jurista e escritor Rui Barbosa que nasceu nesta data. Por consequência, a ocasião foi também instituída oficialmente por Lei de 2008 para celebrar o Dia Municipal da Cultura na cidade de Jequié situada no Sudoeste baiano e inserida no Calendário Oficial de Festas e Datas Comemorativas da cidade em 2019. A finalidade de valorizar as diversas linguangens artísticas e celebrar as manifestações culturais todos os anos muito bem recebida pela comunidade local, desde então.

Apesar do conturbado ano político permeado por constantes mudanças na gestão pública, o município merecia o reconhecimento dos seus fazedores de arte com atividades alusivas ao dia oficial da Cultura ainda que por meios remotos. Principalmente por ser esse segmento um dos mais afetados pelas recomendações de distanciamento social.

Enquanto um novo dezembro não chega, sem COVID 19, só nos resta apreciar as manifestações individuais de alguns artistas e produtores culturais nas redes sociais e as fotografias da data comemorativa nos anos 2018 e 2019 registradas pela Secretaria de Cultura e Turismo de Jequié.











sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Professor indiano ganha prêmio da Unesco por promover a educação de meninas.

Foto: Foto / Divulgação / Ansa - Brasil

Ranjitsinh Disale vence o Global Teacher Prize, premiação realizada por Varkey Foundation e Unesco, por um trabalho que promove a educação de meninas. Brasileira Doani Bertan ficou entre os 10 finalistas

 Ranjitsinh Disale, professor de escola primária na Índia, é o vencedor deste ano do prestigioso Prêmio Global de Professores. Disale, que desenvolveu método de ensino baseado em inclusão, principalmente de meninas, e uso de tecnologia, se destacou como o melhor professor do mundo, por ter modificado a realidade da comunidade em que atuava. Entre outras iniciativas, trabalhou para que os materiais didáticos estivessem disponíveis para seus alunos na língua local (Kannada). Com apoio da tecnologia, Disale passou a promover a personalização da aprendizagem ao inserir códigos QR para que as crianças pudessem, ao seu próprio ritmo, ter acesso a poemas em áudio, videoaulas, histórias e tarefas.

O vencedor deste ano do Prêmio Global Professor da Fundação Varkey 2020 foi anunciado em um evento virtual realizado ontem. O Sr. Disale, o novo vencedor, dava aulas em uma classe espremida entre um estábulo de gado e um depósito em uma localidade onde prevalecia o casamento adolescente infantil e as taxas de frequência nas escolas eram muito pequenas. Tanto os meninos quanto as meninas beneficiadas pelo método do professor indiano eram incentivados a levar uma vida doméstica trabalhando para ajudar na renda familiar onde as famílias vivem na linha de pobreza com média de menos de dois dólares diários.

O maior desafio para o alcance de melhores resultados na aprendizagem, explicou Ranjitsinh, é que o currículo escolar não estava no idioma principal dos alunos (Kannada), dificultando os estudantes e ele próprio por não ter o domínio do idioma imposto. “Depois de muito esforço, aprendi Kannada", disse a Varkey Foundation. O impacto de suas intervenções foi tamanho que atualmente não há casamentos de adolescentes na aldeia e as meninas registram uma taxa de frequência escolar de 100 por cento. “Promover a educação para meninas é mais do que fazer com que elas compareçam à escola, é fazer com que elas se sintam seguras na comunidade e na sociedade” disse Ranjitsinh.

O Sr. Disale foi selecionado entre mais de 12 mil indicações de 140 países. Como resultado de seus esforços 98 por cento das meninas concluíram os estudos e a instituição de ensino do distrito recebeu o prêmio de Melhor Escola em 2016.

Disale tem um currículo impressionante. Já recebeu o prêmio de Pesquisador Inovador do Ano de 2016 na Índia e o prêmio de Inovador do Ano da National Innovation Foundation em 2018. O ganhador de 31 anos diz que dividirá metade do prêmio no valor de um milhão de dólares da Varkey Foundation e Unesco com os outros nove finalistas, incluindo um nigeriano, um sul-africano e a brasileira Doani Bertan.

Que venham mais exemplos como este para a melhoria da educação em todo o mundo nestes tempos difíceis em que vivemos com tantas notícias ruins e informações desencontradas.  


COM INFORMAÇÕES DO SITES: Porvir e The Standard    

 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Confira "O gás", da banda ConFusão. Um outro lado da música baiana


Esse é o videoclipe oficial de “O gás” do grupo baiano Confusão. O trabalho realizado em 2016 por 15Deia Produções sob a direção de Igor Mascelani Guillen materializou o sonho da produtora independente formada por um coletivo de amigos e profissionais do circuito audiovisual soteropolitano em parceria com os caras da banda Confusão.


Nem só da axé music vive a Bahia. A ConFusão surgiu há 17 anos no cenário alternativo de Salvador com a proposta de fazer um som sem fronteiras. Na ocasião desse trabalho a banda estava composta por Luciano Robô (Vocal), Renaldo Silva "Xuxa" (Contrabaixo), Niel Alves (Guitarra), Alex Pantera (Guitarra), Adison Açúcar (Percussão), Anderson Reis (Percussão), e Ricardo Nascimento "Zuzu" (Bateria). 

Vale a pena conferir esse tempero apimentado do caldeirão da música underground baiana onde de tudo um pouco cabe: baião, xaxado, chula, misturados ao punk rock, pop, reggae e MPB, sempre recheados de muita atitude e poesia.





sábado, 21 de novembro de 2020

O pelourinho ainda existe (Vidas negras importam)

 

Poucos sítios históricos ostentam nos dias atuais o pelourinho como foi no passado. A famigerada coluna geralmente fincada no centro de praças para as habituais sessões de castigos de escravos, felizmente há muito foi aposentada. No entanto, a ideia original desse instrumento de imposição de uma suposta supremacia, muito comum nos mercados da antiga Europa, que chegou ao Brasil como símbolo de julgamento e castigos públicos de cativos insubordinados, ainda permeia de alguma maneira a nossa sociedade contemporânea. Na capital baiana, o antigo largo no Centro Histórico que ganhou o divertido apelido Pelô transfigurou-se em alegria pela força e resistência da cultura afro-brasileira. Mas nem tudo é samba-reggae ao sul dos trópicos. O tal totem da tortura, por outro lado, também persiste em toda nação sob as mangas do Estado.

Relativizar a discriminação racial sob o estranho argumento  de que “existe desigualdade, mas não o racismo estrutural no Brasil”, infelizmente não impede que oito a cada dez pessoas mortas pela força policial sejam pretas ou pardas, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020.

Um pouco de conhecimento e boa-fé deveriam ser o bastante para a compreensão de que é exatamente a desigualdade social, a empurrar jovens pretos para a margem da sociedade, o maior legado escravocrata que persiste nos resquícios sutis do racismo estrutural. Para esses pragmáticos, que pensam ter caído de paraquedas no presente, os que nunca devem ter se afeiçoado aos livros de história, fica a frieza dos números atuais a seguir: segundo a Rede de Observatórios da Segurança a taxa geral de homicídios no Brasil, que é de 28 pessoas a cada 100 mil habitantes, entre os jovens negros (19 a 24 anos) ultrapassa os 200. Pode ser que diante desses índices, o cinismo resmungue na surdina outro mantra anacrônico: “morreram por que estavam errados, no lugar errado, na hora errada”. Mas o que dizer para as mulheres vítimas de feminicídio geralmente em suas casas, em que os dados dão conta de que as negras representam 61%?

Talvez outra estatística seja mais convincente para dissuadir os adeptos dos argumentos nefastos e despertar nestes um pouco de empatia pelas vítimas dos dois lados de uma mesma moeda: o relatório produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) indica que a maioria dos policiais assassinados (65%) também é preta ou parda, embora sejam a minoria nas corporações.

Interpretar letras e números pode ser uma tarefa difícil para quem reluta contra o conhecimento, a boa-fé e a empatia. Então, o que dizer ao abrir os olhos e enxergar que o Dia da Consciência Negra de 2020 começou com imagens estarrecedoras que abalaram o país? João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, negro, sendo brutalmente assassinado dentro de um supermercado, na zona norte de Porto Alegre. Pode até alguns privilegiados de frases feitas defenderem que foi uma ocasional fatalidade.

Seria então uma trágica curiosidade a ocorrência dessa barbárie justamente no Rio Grande do Sul, estado onde surgiu a iniciativa para celebrar no dia 20 de novembro, data atribuída ao nascimento de Zumbi dos Palmares, as reflexões sobre as questões dos afro-brasileiros? Não, não foi fatalidade. Não, não é uma curiosa coincidência. Com números, letras e imagens escancaradas, não é necessário sentir na pele para tentar compreender a realidade do preto e pardo no maior destino do comércio de vidas negras do planeta, um dos últimos países a abolir oficialmente a escravidão e desistir do tráfico negreiro. Quem nasce preto, é preto todos os dias e cotidianamente se depara com o racismo estrutural silencioso, velado. E volta e meia, essa verdade contida sob as mangas do país tropical culmina em cenas aterradoras cada vez mais captadas por câmeras de aparelhos celulares para o mundo ver. Provas irrefutáveis que o pelourinho da tortura e da morte ainda não foi extirpado por completo dos corações e mentes daqueles que mais o negam e tanto o praticam.