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Capa de disco da Facção Central gravado em 2003 |
Bem próximo da estréia da nova temporada da novela juvenil da Rede Globo, “Malhação”, com a participação do rapper MV Bill como ator, tragédia macula o hip hop e faz repensar o movimento no Brasil.
Um jovem foi morto em Salvador na madrugada de domingo (22), no Wet'n Wild, na Avenida Paralela, durante apresentação do Racionais MC´s no Hip Hop Resistência Festival. A vítima foi encontrada ainda com vida por volta da 1h15, numa área interna do evento afastada do palco. Com ferimentos no tórax causados por arma branca, (conforme últimas notícias, provavelmente causados por um espeto), o rapaz aparentando ter entre 23 e 27 anos de idade foi socorrido no local e levado para o posto médico do show, mas não resistiu aos ferimentos.
É triste que fatos como esse aconteçam em um evento de hip hop. Movimento que fala a língua da juventude em situação de risco, denunciando as problemáticas das drogas e da violência dos grandes centros urbanos, propondo discussões e atitudes de conscientização.
As letras e performances de protesto incisivas, geralmente presentes no rap, costumam ser confundidas com apologia ao crime, pela imprensa. Infelizmente, pelo visto, uma minoria que frequenta os shows também não entende o recado e compromete a imagem do movimento.
O Hip Hop Resistência Festival reuniu grandes nomes do rap nacional: os grupos paulistas Racionais MC e Facção Central, e o carioca MV Bill. Talvez o sucesso cada vez maior dos artistas desse gênero musical que se mantém independente e o assédio da mídia a alguns deles sejam responsáveis pelos preços dos ingressos (R$ 30 - pista, R$ 40 - pista casadinha e R$ 45 - camarote), considerados caros para uma proposta que se diz alternativa. Mas isso não intimidou o grande público preferencial da periferia que compareceu massiçamente ao evento.
Basta saber até aonde podem chegar ícones como MV Bill e festivais desta natureza após a massificação por um lado e a elitização por outro. Tomara que o movimento hip hop, com todas as virtudes e dissabores que a expansão midiática costuma provocar, seja capaz de manter viva sua essência e não se deixe transformar em mais óleo para por na máquina do sistema?
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MV Bill: cada vez mais pop |
MV Bill: Da favela à fama... de estilingue à vidraça.
O escritor, cantor, diretor e ator MV Bill, nascido e criado na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, já foi bastante perseguido pela imprensa acusado de incitar a violência. Sua situação só começou a mudar quando passou a ser conhecido pelo grande público, depois que seu documentário “Falcão, Meninos do Tráfico”, baseado em livro também da sua autoria juntamente com Celso Athayde, foi exibido pela Rede Globo. Conta a história de dezessete meninos envolvidos com o tráfico de drogas em várias comunidades do país, dos quais, até a estréia do filme, apenas um sobreviveu.
O escritor, cantor, diretor e ator MV Bill, nascido e criado na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, já foi bastante perseguido pela imprensa acusado de incitar a violência. Sua situação só começou a mudar quando passou a ser conhecido pelo grande público, depois que seu documentário “Falcão, Meninos do Tráfico”, baseado em livro também da sua autoria juntamente com Celso Athayde, foi exibido pela Rede Globo. Conta a história de dezessete meninos envolvidos com o tráfico de drogas em várias comunidades do país, dos quais, até a estréia do filme, apenas um sobreviveu.
O rapper carioca é um dos fundadores da CUFA - Central Única das Favelas, responsável por várias atividades sócio-educativas realizadas em periferias pelo país.
Contratado da Rede Globo, MV Bill também poderá fazer parte da trilha sonora da quinta edição do filme "Velozes e Furiosos”, que deverá ter cenas gravadas no Brasil. Já prevendo as críticas de parte do seu público e de colegas rapper, por atuar na toda poderosa Rede Globo, que sempre criticou, se justifica: "Malhação apresenta um modelo em que nunca consegui me ver. E os jovens das comunidades, também não. Mas agora a história vai apresentar conflitos sociais importantes e minha presença aqui já é um sinal de mudança". Vamos esperar para ver: de quem será a mudança, da emissora ou do rapper?
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