
A cantora cabo-verdiana Cesária Évora morreu hoje, aos 70 anos, no Hospital Baptista de Sousa, na ilha de São Vicente, Cabo Verde, por “insuficiência cardio-respiratória aguda e tensão cardíaca elevada”.
A notícia foi confirmada pelo diretor clínico do hospital, Alcides Gonçalves. A morte ocorreu por volta das 11h20.
A “diva dos pés descalços”, como a imprensa gostava de se referir a Cesária Évora, nasceu na cidade do Mindelo, na ilha cabo-verdiana de São Vicente, em 27 de agosto de 1941, no seio de uma família de músicos.
Considerada a "embaixadora da morna", música que transmite a melancolia das ilhas cabo-verdianas, gravou 24 discos, entre originais, ao vivo e em parceria com outros artistas de vários países.
Graças ao seu talento interpretativo e sua voz de rara beleza, Cesária Évora tornou-se a cabo-verdiana mais conhecida internacionalmente. Como declarou para a imprensa, “Cantava ao ar livre, nas praças da cidade, para afastar coisas tristes”. Aos 16 anos, cantava nos bares da cidade e hotéis, ganhando uma legião de fãs que a aclamavam como “rainha da morna”.
Em 1975, durante a independência da nação africana, Cesária entrou em um período de depressão e problemas com alcoolismo e parou de cantar. Por um longo período enfurnada dentro de sua casa a cantora de Cabo Verde deixou de encantar o mundo com sua voz única, forte e balançada.
Em 1985, "Cise", como era chamada pelos amigos, gravou um disco em Lisboa despercebido pela crítica. Foi "redescoberta" em Paris de onde partiu para os palcos do mundo. Em 1988, gravou “La diva aux pied nus”, álbum desta vez aclamado pela crítica. Nesta fase da sua carreira, o empresário francês José da Silva tem um papel fundamental, e a acompanhou até ao final da sua vida.
Em 1992, Cesária Évora gravou “Miss Perfumado”, disco bastante vendido no Brasil, e aos 47 anos torna-se uma “estrela” internacional no mundo da world music, fazendo parcerias com importantes músicos no mundo.
No Brasil, ficou mais conhecida após gravar com Caetano Veloso. Também registrou com sua voz a clássica e melancólica “Negue”, de Adelino Moreira.
Em 2004, recebeu um Grammy para o Melhor Álbum de world music contemporânea, pelo disco “Voz d’Amor”. Em 2009, recebeu das mãos do Presidente francês Nicolas Sarkozy a medalha da Legião de Honra.
No dia 24 de Setembro, numa entrevista ao Le Monde, a cantora afirma que tem de terminar a carreira por conselho médico. A sua promotora, Tumbao, emite um comunicado confirmando as declarações da “diva dos pés descalços” e dando conta da tristeza que sentia por ter de o fazer. Nesse mesmo dia, ao princípio da tarde, a cantora foi internada no hospital parisiense de Pitie-Salpetriere, por ter sofrido mais um acidente vascular cerebral (AVC).
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