BRASÍLIA - Ambulantes, servidores e até mesmo seguranças dos prédios da Esplanada dos Ministérios roubaram muitas das 594 vassouras nas cores verde e amarelo que desde a manhã desta quarta-feira, 28, estavam fincadas no gramado em frente ao Congresso Nacional como protesto contra a corrupção.
Organizadora da manifestação, a ONG Rio da Paz optou por retirar o restante das vassouras após perceber que todas acabariam sendo mesmo arrancadas, mas acabou doando outra grande parte delas às pessoas que pediram para levar para casa uma vassoura novinha em folha.
A ONG é a mesma que realizou o protesto na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, na semana passada. A ideia surgiu depois que o senador Pedro Simon (PMDB) disse que gostaria de receber uma vassoura em Brasília.
Além de pedir a limpeza da corrupção no País, a ONG solicita ao Congresso que se envolva na luta do povo brasileiro pelo fim da corrupção e a aprovação do fim do voto secreto.
Depois, ainda no Rio, um ato idealizado a partir das redes sociais com o apoio de mais de 33 mil usuários no Facebook, conseguiu reunir cerca de 2,5 mil pessoas na Cinelândia, de acordo com a Polícia Militar.
(Publicado originalmente no estadão.com.br)
__________________________________________________
Enquanto isso, o Conselho de Ética da Câmara arquivou o caso do deputado Valdemar da Costa Neto (PR-SP). Embora o relator Fernando Francischini (PSDB-PR) tenha defendido a abertura do processo, seus colegas decidiram (por 16 votos a 2) que não tinha por que investigar Valdemar. Na defesa, o deputado baiano Amaury Teixeira (PT), sob o argumento de que a aprovação da investigação serviria para banalizar o Conselho de Ética, afirmou: "Não se pode sempre que sair acusação na imprensa trazer para cá".
Só para refrescar a memória, o caso Valdemar chegou ao Conselho de Ética a partir de denúncias veiculadas na imprensa sobre a participação do deputado em reuniões no Ministério dos Transportes, em ocasiões que se pedia propina a empresários para a liberação de recursos. O escândalo atingiu o Governo Federal obrigando a presidente Dilma a optar pela exoneração do ministro e mais 20 integrantes da cúpula do MT. Ainda assim, numa atitude que subestima a inteligência dos brasileiros e amplia o descrédito nos nossos políticos, o Conselho de Ética alegou não haver indícios para abrir investigações.
Esta lamentável notícia faz lembrar o episódio da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), filmada em 2006 recebendo uma bolada de notas de Durval Barbosa proveniente do Mensalão do DEM. Embora desta vez o parecer do relator Carlos Sampaio (PSDB-SP), sugerindo a cassação, tenha sido aprovado por 11 votos a 3 no Conselho de Ética da Câmara, quando chegou aos colegas parlamentares, a filha do ex-governador Joaquim Roriz ficou livre da cassação com 265 votos contra, 166 votos a favor e 20 abstenções. 62 parlamentares nem sequer compareceram.
O principal argumento para tal atitude da maioria dos nossos representantes no legislativo foi "não abrir um precedente". Será que isso significaria a colocação de carapuças por antecipação em quem teme o efeito dominó da moralidade desmoronando uma a um dos que têm rabo preso em algum delito? Só nos resta torcer para que um dia a ética vença o corporativismo no legislativo federal para que possamos nos orgulhar dos nossos representantes fazedores das leis que nos regem e fiscalizadores do executivo. Parece que as vassouras só servem para varrer a sujeira para debaixo do tapete.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
QUEM INTERESSAR POSSA: