Este é o Miscelânea, por Júlio Lucas

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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A Saída de Bené Sena, a chegada de Robério Chaves...


Após tomar conhecimento da carta de Benedito Sena na quarta-feira (1º/12) solicitando seu afastamento da Secretaria de Cultura e Turismo, o prefeito Luiz Amaral nomeou o professor Robério Chaves, secretário de Esportes e Lazer, para ocupar interinamente a pasta. 

A saída de Bené Sena, que vinha demonstrando insatisfação por se sentir desprestigiado na administração municipal, deixou boa parte da comunidade artística e pessoas ligadas ao setor cultural decepcionadas. 
Bené, músico instrumentista do grupo Arguidá e apresentador do programa Armarinho de Miudezas, na 105 FM, teve o árduo trabalho de implantar a Secretaria de Cultura e Turismo. A pasta foi criada no final da administração Reinaldo Pinheiro para atender ao planejamento do governo Luiz Amaral que visava priorizar o setor cultural do município, limitado nas administrações anteriores ao status de diretoria subordinada à Educação. 
A Prefeitura de Jequié enfrentou dificuldades por causa da epidemia da dengue no primeiro semestre de 2009 e posteriormente em virtude da crise econômica que afetou cidades em todo o país com a diminuição da arrecadação e queda do FPM - Fundo de Participação dos Municípios. A Cultura do Município, por se tratar de uma secretaria em fase de implantação e com a responsabilidade de organizar o São João em meio à crise, não teve como fugir do desgaste já naquele período. 
Paralelamente à condução dos festejos juninos de 2009, engessada na adequação às necessidades impostas pela crise e às exigências do Ministério Público e de vários setores da sociedade, Bené e sua equipe tiveram que se desdobrar para efetivar a implantação física e conceitual da Secut. 
Ocupando salas emprestadas do Centro de Cultura ACM, a nova secretaria teve de adquirir móveis e equipamentos e recuperar aparelhos culturais do Município. Incluindo a tão almejada reforma da Casa da Cultura Pacífico Ribeiro, praticamente concluída no primeiro semestre deste ano e ainda fechada por causa dos famigerados entraves burocrático-financeiros. 
Na parte conceitual, desde o primeiro momento a nova secretaria procurou se afinar com a Secult/BA – Secretaria de Cultura da Bahia e com o Minc – Ministério da Cultura, se antecipando, em relação a outros municípios, na integração ao Plano Nacional de Cultura e ao Sistema Nacional de Cultura, sancionados excepcionalmente hoje (4/12) pelo presidente Lula (conforme texto a baixo). 
Em pouco mais de um ano a Secut elaborou e executou projetos e programas de grande importância. Como os editais municipais de incentivo à produção cultural local, alvos de Moção de Congratulações por iniciativa do Vereador Deyvison Érrico, e de ofício de aplausos pelo Vereador Luiz Brito. De maneira democrática e transparente, sempre em constante diálogo com o CMC - Conselho Municipal de Cultura, os avanços e fomentos culturais promovidos pela Secretaria recém-criada chegaram a colocar Jequié no patamar de referência para outros municípios. 
O setor viveu por alguns meses uma efervescência nunca vista. No entanto, quase sempre por causa dos já citados entraves burocrático-financeiros, muitos projetos e ações de grande importância foram completamente paralisados. A exemplo de “Sexta na Concha” (que valoriza músicos da cidade), “Quarta é do Teatro ou Dança”, “Ciranda da SECUT” (com oficina de cerâmica para pessoas de várias idades), “SECUT Itinerante de conveniamento com entidades”, Cia. Municipal de Teatro, Calendário Municipal de Apoio à Projetos, instalação do Memorial Casa das Etnias. Além da grade fixa da Casa da Cultura Pacífico Ribeiro, estagnada à espera do desentrave. 
Ainda como diretor de Cultura, na administração anterior, Bené Sena criou a Vila Junina, promovendo a descentralização da festa de São João, movimentando o comércio e valorizando os aspectos mais tradicionais dos festejos. A idéia deu tão certo que foi copiada por outros municípios. 
Com a inovadora proposta de uma festa temática a cada ano, em 2010 o São João “Xangô Menino” misturou o forró clássico ao moderno. Valorizou artistas da terra, promoveu a diversidade cultural inerente aos folguedos nordestinos e trouxe artistas consagrados como Dominguinhos, Flávio José, Adelmário Coelho, Targino Gondim e Gilberto Gil. Ainda teve quem reclamasse. O novo formato e conteúdo receberam elogios de visitantes e levaram a família jequieense (crianças, casais, idosos) ao circuito da festa, que em outros tempos era tomado pela violência, apologia à bebedeira e vulgarização do sexo por parte de atrações musicais com letras de baixo calão. Segundo a polícia militar, apesar do grande número de pessoas não houve ocorrências relevantes. O retorno ao antigo cenário, por incrível que pareça, é defendido por parte da imprensa e por algumas autoridades sob a justificativa da necessidade de aumento de público para atender interesses comerciais. 
Se fazer cultura, entre outras coisas, é reconhecer e valorizar a diversidade cultural, étnica e regional, é proteger e promover o patrimônio histórico e artístico, material e imaterial, e valorizar e difundir as criações artísticas e os bens culturais, como alguns dos objetivos constantes no PNC, creio que Bené Sena deixa a Secretaria de cabeça erguida, na certeza de que esteve no caminho certo. 
Espero que Róberio Chaves - à frente da Cultura, ainda que interinamente, pois esta pasta merece dedicação integral e apoio incondicional - dê continuidade ao processo inaugurado por seu antecessor, e que o "novo" secretário tenha a sorte de encontrar os inconvenientes e desgastantes fatores burocrático-financeiros mais amistosos com o setor cultural do nosso município daqui para frente. 
Parabéns Bené, boa Sorte Robério!

Um comentário:

  1. Meus Amigos!

    O Bené Sena nosso querido ex. Sec. de Cultura do Municipio, fez o que nenhum outro jamais pensou fazer, deu vez aos filhos da terra do Sol, valorizando assim a nossa terra e seus artistas...
    Espero que esse novo Sec. tenha o mesmo respeito com o que teve o meu querido amigo Bené Sena!
    Fica aqui mais uma vez minha Tristeza pelo grande feito do Sr. Prefeito Luiz Amaral que deixou escapar um grande conhecedor da arte e da cultura da nossa querida Jequié.

    Atenciosamente,


    Paulinho Jequié
    Cantadô

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