Nesta edição do PapOnline, entrevista exclusiva com a garotada da Vivendo do Ócio. Banda baiana que vem despontando no cenário como uma das maiores revelações do pop rock nacional. Vivendo do Ócio é formada por Jajá Cardoso – vocal e guitarra, pelos irmãos Luca – baixo e voz e Davide Bori – guitarra, e Dieguito Reis – bateria.
Um pouco da história do grupo, a relação com a internet e com a grande mídia, influências musicais, apresentações no exterior e o show que fizeram em Jequié no Dia Internacional do Rock, são alguns dos assuntos abordados neste PapOnline.com: Vivendo do Ócio. Confira...
(FOTO: Lana Bartelote) |
Rock Concha (Salvador) na noite seguinte ao show de Jequié
(FOTO: VDO/Divulgação)
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Júlio Lucas – De repente já se passaram seis anos do início do grupo. Já não dá pra dizer que continuam Vivendo do Ócio, quando terminaram o ensino secundário e faziam som sem grandes compromissos? O que mudou de lá pra cá no som e na cabeça de cada um?
VDO no Brazilian Day London em 2010
(FOTO: Beto Frota)
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Jajá - Continuamos Vivendo do Ócio, a diferença é: DO ócio e não NO ócio. Nosso ritmo de trabalho agora é outro, estamos nos profissionalizando e a gente tem corrido bastante, temos total consciência que isso é a nossa vida agora, porém a essência continua e vai cada vez mais se fortalecendo. O som está ganhando identidade, isso vem por nós vivermos juntos, o jeito de compor também mudou, ficou muito mais coletivo, amadurecemos com nossa música e a estrada também é um grande aprendizado.
VDO em Jequié na Green fazendo o Rockura
(FOTO: Bruno Matos)
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Júlio Lucas – A célula original da banda surgiu na casa de um de vocês, no Centro Histórico de salvador. Embora suas influências sejam predominantemente internacionais (Beatles, Rolling Stones, The Strokes, The Hives, Maxïmo Park, Arctic Monkeys), alguma energia mística da velha Bahia complementa o som de vocês?
Papo bom: Paulo Cobra e Júlio Lucas entre Jajá (VDO) e Jerry Marlon (Camisa de Vênus)
(FOTO: Lana Bartelote)
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Jajá - Com certeza. A gente tem influências de vários estilos e artistas não só da Bahia, mas do Brasil inteiro e esse novo disco traz isso de uma forma mais forte, por cantarmos nossa cidade e fazer referências as nossas raízes. Nós curtimos Novos Baianos, João Gilberto, Caetano, Gil, Brown...
Júlio Lucas – A ideia de gravar um álbum virtual e disponibilizar para download gratuito foi fundamental para deflagrar a carreira da banda. Vocês acreditam que essa fórmula ainda funciona tão bem? E o que mais pode ser feito para um artista ganhar notoriedade nesta massificação/pulverização de dados instantânea, este grande fast food da informação que é a rede digital?
Jajá - Hoje todo mundo escuta música no computador, baixa discografias inteiras e etc. A música tem que ser livre mesmo, não adianta tentar impedir, as gravadoras lutam contra isso, é uma batalha sem fim por que quem realmente gosta da banda vai lá e compra o disco. O artista que sabe usar bem a internet se dá bem. É tudo imediato, as pessoas estão ali, respondendo, comentando e compartilhando o que gosta e o que não gosta, então tem que aproveitar isso, as coisas correm muito rápido na rede e tem que ser um trabalho constante, se não você “some”. Pra começar é importante ter um design gráfico bom, convidativo e medir a intensidade dos posts, tem que ficar alerta pra não acabar enchendo o saco dos outros.
Júlio Lucas – A Vivendo do Ócio ganhou vários prêmios por onde passou (Prêmio Gas Sound (2009), Bahia de Todos os Rocks - Show do Ano (2008), Jornal ATARDE (Salvador, BA) - Artista Local (2009), Bahia de Todos os Rocks - Banda do Ano (2010), MTV Video Music Brasil). A coisa foi sistemática, proposital, resultado de uma boa produção, ou vocês se surpreenderam com a aceitação do público e crítica?
Luca Bori - Acredito que tenha sido resultado do que a gente plantou desde o começo da banda, sempre tentando produzir, tocar o máximo possível e trabalhar de uma forma profissional, mesmo quando a banda ainda não tinha gravadora, tudo isso junto com a aceitação do público em relação ao som que a gente faz. Foi algo que a gente não esperava mas que a gente conseguia entender que estávamos indo no caminho certo.
Júlio Lucas – Vocês são de uma geração que não necessita necessariamente da mídia de massa pra se projetar. Como vocês lidam com isso? O que vocês acham dos sucessos impostos pela mídia global?
Jajá - A gente faz o nosso e quando a midia vem até nós aproveitamos ela da melhor forma possível, nosso foco de trabalho é a música, ela vem em primeiro lugar, fazemos do jeito que queremos, sem nos preocupar, o contrário dos produtos que vem com música moldada, cheia de jabá que apenas passam pela rádio, “15min na TV” e depois ninguém mais vai lembrar. A gente trilha nosso caminho com música de verdade para pessoas de verdade.
Júlio Lucas – E o cenário do rock baiano, o que acham?
Jajá - Tem muitas bandas boas, porém o circuito da cidade não tem muitos espaços ou produção de grandes eventos. Salvo agora o Rock Concha que veio numa boa hora, a cidade precisa de mais eventos desse tipo.
Uma coisa importante pra fazer a cena andar é a união, as bandas deviam se juntar mais e fazer a coisa acontecer, a cena é um movimento.
Júlio Lucas – Vocês lançaram recentemente o webclipe da faixa “Eu Gastei”, do álbum O Pensamento é um Ímã. Tô sabendo que está bombando. Com foi o processo de criação e produção desse trabalho?
Luca Bori - A gente já estava com a idéia de fazer um clipe “meio bizarro”, e em uma noite a gente lembrou dessa idéia do Iphone e lembrou de um amigo nosso que faz umas danças muito loucas, juntamos as duas ideias e bolei um roteiro de um cara que acorda em um pesadelo preso com um celular no rosto, gravamos na mesma noite, eu e esse amigo que não posso revelar a identidade. rs. Foi algo bem do momento mesmo, depois foi só editar e jogar na internet.
Júlio Lucas – Dieguito, você foi o último componente a entrar para o grupo. Como foi isso? Você já conhecia os caras? Foi amor à primeira tocada (no bom sentido musical é claro)?
Dieguito - Foi isso mesmo, como eu já era amigo dos caras e ja tocava com o Davide Bori na banda “Índica” a bastante tempo foi um processo bem natural, via sempre Luca e Jajá na correria pra arrumar baterista mas infelizmente eu não podia nem me escalar pois alem da índica eu tocava na Efeito Joule e BR64, desde a primeira música que ouvi da Vivendo do Ócio eu percebi que ali tinha algo de diferente e isso aumentou ainda mais quando vi o primeiro show da banda no América Show com o Mamed na bateria, a efeito joule até tocou nesse dia, lembro que parei e pensei: “Eu tocaria muito nessa banda”...
A primeira vez que toquei na Vivendo do Ócio acho que foi em 2007, como a família de Mamed morava em juazeiro as vezes ele tinha que passar uma temporada la, e em uma dessas eu quebrei o galho da vivendo do ócio durante 6 meses, mas ai com o tempo o Mamed teve outras prioridades e tive que assumir de vez, lembro que na epoca ele falou comigo que queria gravar o primeiro cd da banda e pa, ai eu falei que era de boa mesmo da minha parte, ai ele gravou o “Teorias de amor Moderno” que é a nossa primeira demo. Pra mim conhecer esses caras e participar da vivendo do ócio foi a coisa mais importante que ja aconteceu na minha vida, e o melhor de tudo é que sinto que muitas energias boas ainda virão e ainda nem demos o primeiro passo.
Júlio Lucas – Como foi a experiência de tocar no exterior? Inclusive trouxeram na bagagem alguns clipes.
Luca Bori - Foi louco, algo que a gente nunca imaginou e que deu super certo, a gente sempre aproveitava a viagem pra se juntar com alguém e voltar com uns clipes na bagagem, na primeira a gente levou o Rafael Kent e conseguimos voltar com 3 clipes, um gravado em Amsterdã e outros 2 em Londres e na segunda vez em 2011, tocamos no ItaliaWave Love Festival, aproveitamos um amigo nosso o Federico que estava começando com esse lance de vídeo e gravamos Silas.
Júlio Lucas – O que a Vivendo do Ócio, que não descansa, está aprontando? Quais os próximos projetos?
Luca Bori - Agora nosso próximo pensamento é de divulgar ao máximo o nosso novo álbum, seja em shows, rodando todo o Brasil, com novos clipes e nas redes sociais, aproveitando o máximo da internet.
Júlio Lucas – Vocês que já viajaram tanto por aí, inclusive no exterior, como foi a experiência de tocar em Jequié (interior baiano) pela primeira vez?
Jajá - A gente já estava devendo, o show foi bala, fomos muito bem recebidos! Com certeza esse foi apenas o primeiro! A vibe de Jequié foi tão massa quanto de qualquer show lá fora.
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