Este é o Miscelânea, por Júlio Lucas

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sexta-feira, 4 de março de 2011

NOTAS DE VERÃO - 2ª PARTE

EM DEFESA DOS ANIMAIS - Primeiro eliminaram os caminhões e trios elétricos do cortejo da festa do Bonfim. Este ano, o que para muitos parecia impossível, aconteceu: Por iniciativa de organizações de defesa dos animais e atuação do Ministério Público, os jumentos ficaram fora da Festa do Bonfim. 


EM DEFESA DA DIGNIDADE HUMANA - Espero que um dia alguma organização em defesa do cidadão promova o fim das cordas em torno dos blocos carnavalescos. Além de mal pagos e expostos a toda sorte de sol, chuva e confusões, a atividade dos cordeiros é uma das poucas na história do Carnaval baiano que pouco evoluiu. 

CORDÕES E CORDEIROS - A origem dos tradicionais cordões carnavalescos data do século XIX, mas o formato de pequenos blocos compostos por no máximo algumas dezenas de amigos, animados por apito e instrumentos percussivos, circundados por uma corda revezada nas mãos dos próprios foliões foi comum até o final da década de 70.
Mais de 30 anos passaram-se do começo da profissionalização dos blocos com trios elétricos na Bahia. Aconteceu o fim das fantasias mais aprimoradas, dos macacões desconfortáveis, ocorreu o encurtamento das mortalhas até transformarem-nas nos abadas, e estes, sem perder o nome, viraram blusas normais personalizadas. Os trios se agigantaram; os camarotes, que passaram a existir de duas décadas para cá, ostentam cada vez mais luxo; estrelas do axé surgiram e outras se apagaram. E a tradição dos cordeiros permanece. 
Geralmente desempregados dispostos a ganhar em média 25 reais para segurar a corda por trajetos de 4 a 7 km que podem durar até 8 horas de caminhada, os cordeiros representam quase metade dos “empregos diretos” no Carnaval de Salvador. São 100 mil cordeiros para 220 mil postos temporários. Durante a folia, os cordeiros geralmente recebem duas barras de cereal, dois pacotes de biscoito e dois litros de água para quem trabalha durante o dia e um litro para os trabalhadores da noite. Em meio ao clima muitas vezes de guerra, os cordeiros suam para conter o empurra-empurra dos foliões da pipoca espremidos entre os camarotes e os blocos. 
No primeiro dia do Carnaval 2011 um dos cordeiros do bloco Alô Inter, animado pelo cantor baiano Netinho, desmaiou durante o percurso do circuito Barra-Ondina. 
Pode parecer utopia, mas creio que seja possível banir as cordas excludentes e aparelhar  melhor o sistema de segurança, valorizando esses trabalhadores e respeitando o folião sem bloco. OS chamados abadás, já são um diferencial para garantir privilégios junto à infraestrutura oferecida aos componentes dos blocos. 


Praia do Saco: três casas luxuosas
destruídas pelo mar (Foto: Jornal da Cidade)
AVANÇO DO MAR - A convite de Ricardo Borges, que sempre neste período do ano leva as filhas para passarem férias na fazenda dos avós, na pequena cidade de Indiaroba, pude mais uma vez visitar as belíssimas praias daquela região, antes que acabem. Não é piada nem exagero. Bem na divisa entre Sergipe e Bahia, verdadeiros paraísos naturais vêm sofrendo com o avanço das águas. No povoado do Saco, pertencente ao município de Estância, metade de uma rua e algumas casas construídas à beira-mar foram destruídas por causa do encontro do mar com os rios Real e Piauí que formam uma correnteza muito forte. Do lado da Bahia, as dunas, rios e o mar estão mudando a geografia de Mangue Seco. Aquele lugarejo que ficou famoso depois da novela Tieta. 

TURISMO EM CONTA - Experiência única: Ainda é possível tomar umas cervejinhas a preço bem a baixo da média praticada em Salvador, na zona urbana de Estância, entre seculares casarões com belíssimas fachadas azulejadas em razoável estado de conservação. 

PACATOS CIDADÃOS - Curiosidade: Em Estância - cidade fundada em 1848, com raízes históricas no século XVII – ao tempo em que motoristas e condutores de motos dão passagem aos pedestres na faixa (mesmo em pontos que não há semáforos), motociclistas ainda transitam sem capacetes, carregando famílias inteiras (até três pessoas, adulto e crianças, na carona) sem serem abordados pelas autoridades policiais.

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