Rede Globo anuncia o fim do "Casseta e Planeta"

Beto Silva encarnado em Ivete Acarajette,
parodia à baiana Ivete Sangalo

A Rede Globo confirmou na tarde desta sexta-feira (26) que o humorístico "Casseta e Planeta" sairá do ar em 2011. Exibido há 18 anos, o programa global será encerrado depois de dezembro, segundo a assessoria da emissora, a pedido dos próprios comediantes. Os "cassetas" pediram uma pausa na atração - que vai ao ar semanalmente - para pensar em um novo formato. O último programa vai ao ar em 21 de dezembro.

A assessoria esclarece ainda que o grupo segue unido, apesar do cancelamento do programa. O novo projeto de humorístico com os "cassetas" Beto Silva, Claudio Manuel, Hélio de la Peña, Hubert, Marcelo Madureira, Maria Paula e Reinaldo será desenvolvido, e deve entrar no ar no segundo semestre de 2011.

Publicado no Ig.com.br. Foto: divulgação/TV Globo

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Casseta e Planeta: o casamento que deu certo 

Pouca gente sabe, mas o sucesso do grupo começou ainda nos anos 80 bem longe da telinha da Globo, quando Casseta e Planeta eram duas turmas diferentes: uma que fazia uma revista desbocada e outra, um tablóide nonsense. 

Nos anos 80, eles revolucionaram o humor no comando do jornal O Planeta Diário (feito por Hubert e Reinaldo, mais Cláudio Paiva, que saiu do grupo) e da revista Casseta Popular (produzida por Beto Silva, Bussunda, Claudio Manoel, Hélio de la Peña e Marcelo Madureira). 

Confira a seguir algumas das histórias que os caras da "Casseta Popular" e do "Planeta Diário" aprontaram, juntos e separados, ao longo das 80 edições do Planeta e das 53 da Casseta. por Bruno Sassi para http://super.abril.com.br.

Blockbuster - O Planeta Diário começou em 1984, vendido de mão em mão na praia. Mas era tão bom e ousado que, um ano depois, a tiragem superou os 100 mil exemplares. Em janeiro de 1986, Hubert, Reinaldo e Cláudio Paiva apareceram nas páginas amarelas da revista Veja.

As famosas capas da Casseta Popular:
em destaque o saudoso Bussunda na
memorável paródia à Demi Moore grávida

Puro escracho - A Casseta Popular nasceu como um fanzine na Faculdade de Engenharia da UFRJ em 1978, mas só virou uma revista de verdade 8 anos depois. Beto Silva, Hélio de La Peña, Marcelo Madureira, Claudio Manoel e Bussunda faziam um humor tão escrachado que logo ficaram amigos do trio do Planeta. E todos acabaram indo trabalhar na Globo.

Subo nesse palco - Além de jornal, revista e TV, os 7 ainda tinham tempo de viajar o Brasil fazendo shows para promover seus discos de (muito) humor e (pouca) música. Os caras tinham até uma loja, a Casseta Shopping Show, que vendia camisetas de sucesso.

Piada no xadrez - Certa vez, o Planeta causou indignação ao fazer uma apimentada "entrevista" com a Virgem Maria, com perguntas como: "O que um homem deve fazer para ser bom de manjedoura?" Foi aberta uma queixa-crime e o trio teve de ir à delegacia depor. "Mas no fim saímos sem ser fichados", lembram eles.

Porta da fama - A estréia na TV foi num especial de fim de ano da Bandeirantes, em 1987: o Wandergleyson Show. Reinaldo e Hubert foram chamados para criar o programa e convidaram Marcelo Madureira para ajudá-los. Os humoristas não apareciam em cena. O protagonista era o ator Luiz Fernando Guimarães.

Cabo eleitoral - O maior momento da história da Casseta foi em 1988, quando lançou a candidatura do macaco Tião a prefeito. O bicho vivia no zoológico do Rio e seu primeiro comício reuniu 4500 pessoas. Como não havia urna eletrônica, muita gente votou de fato em Tião, que acabou em 3º, com 9,5% dos votos.

Barão da imprensa - Uma das grandes atrações do Planeta era o "dono" do jornal, o fictício Perry White. O cara virou autor de livro e até colunista da Folha de S. Paulo. Mas a DC Comics, dona dos direitos autorais das histórias do Superman, quis briga: afinal, Perry White é o nome do dono do jornal em que Clark Kent trabalha...

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Lembranças hilárias

São muitas lembranças hilárias das publicações escrachadas da revista Casseta Popular e do humor inteligente do jornal Planeta Diário, ambos desafiando a persistência da censura, mesmo depois da Nova República. Em minhas pesquisas encontrei as impagáveis manchetes falsas do Planeta, como "Nelson Ned é o novo Menudo", "Maluf se entrega à polícia" e "Ozzy Osbourne morde Ivan Lins". Não localizei, no entanto, referências aos fatos envolvendo os impressos anárquicos que relato a seguir. Se não me falha a memória, os episódios foram mais ou menos assim:

- Na campanha à presidência em 1989, Paulo Maluf, ao tentar defender em ato público leis  rigorosas para estupro seguido de morte, deu a infeliz declaração "Tá bom, está com vontade sexual, estupra mas não mata!". Não tardaria para sair a edição da Casseta Popular com montagem na capa em que o candidato dizia a mesma frase passando pela constrangedora situação de vítima de um tarado avantajado. As revistas foram recolhidas das bancas.
- João Batista Figueiredo, como todos os ex-presidentes, presidentes ou presidenciáveis, era alvo constante, tanto da "Casseta" como do "Planeta". Em uma ocasião o ex-presidente, que declarava preferir os bichos aos homens, e que, ainda à frente da Nação, defendia a aposentadoria para cuidar dos seus cavalos, não tardou para "cair do cavalo" numa tirada do jornal cômico. Uma ex-secretária teria aparecido na imprensa alegando ter um filho dele. No Planeta Diário, foi divulgada uma foto nonsense de uma mulher ao lado de um pônei sob a manchete: "Exame comprova, o filho é realmente de Figueredo". 

- Nem o rei Roberto foi poupado quando lançou o hit que dizia "Tô chutando Lata, tô à toa". Numa alusão às milhares de latas de maconha que os tripulantes do navio panamenho Solana Star lançaram nas costas carioca e paulista em 1987, para fugir do flagrante, fazendo a alegria de muitos usuários - e do Planeta diário - no famoso "Verão da Lata", a manchete foi: "Roberto Carlos preso em flagrante chutando lata de maconha".