
A sua história tem início em meados de 1717, quando chegou a Guaratinguetá a notícia de que o conde de Assumar, D. Pedro de Almeida e Portugal, governador da então Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, iria passar pela povoação a caminho de Vila Rica (atual cidade de Ouro Preto), em Minas Gerais.
Desejosos de oferecer-lhe o melhor pescado, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves lançaram as suas redes no rio Paraíba do Sul. Depois de muitas tentativas infrutíferas, descendo o curso do rio chegaram a Porto Itaguaçu, a 12 de outubro. Já sem esperança, João Alves lançou a sua rede nas águas e apanhou o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição sem a cabeça. Em nova tentativa apanhou a cabeça da imagem. Envolveram o achado em um lenço. Daí em diante, os peixes surgiram em grande quantidade.
Durante quinze anos a imagem permaneceu na residência de Filipe Pedroso, onde as pessoas da vizinhança se reuniam para orar. A devoção foi crescendo entre o povo da região. A fama dos poderes extraordinários de Nossa Senhora foi se espalhando pelas regiões do Brasil. A família teve que construir um oratório no Porto de Itaguaçu, que logo se mostrou pequeno.
A primeira Capela foi construída por volta de 1734 pelo vigário de Guaratinguetá no alto do morro dos Coqueiros. A capela e a imagem foram visitadas por Dom Pedro I e sua comitiva em 20 de abril de 1822.
Por causa do grande número de devotos em 1834 foi iniciada a construção de uma igreja maior (a atual Basílica Velha). A inauguração aconteceu em 8 de dezembro de 1888.
Em novembro de 1888, em pagamento a uma promessa atendida, a Princesa Isabel ofertou à santa uma coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis juntamente com o característico manto azul, ricamente adornado. A solenidade de coroação só viria acontecer em 1904 por D. José Camargo Barros, com a presença do Núncio Apostólico, muitos bispos, o Presidente da República Rodrigues Alves e grande quantidade de populares.
Em 1928, a vila que se formou ao redor da igreja no alto do Morro dos Coqueiros tornou-se Município, passando a se chamar Aparecida.
Na visita de João Paulo II ao Brasil, em 1980, o papa consagrou a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, o maior santuário mariano do mundo.
A imagem retirada das águas do rio Paraíba em 1717 é de terracota e mede quarenta centímetros de altura. Em estilo seiscentista, como atestado por diversos especialistas que a analisaram. A argila utilizada para a confecção da imagem é oriunda da região de Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo. Quando foi recolhida pelos pescadores, o corpo estava separado da cabeça e, muito provavelmente, sem a policromia original, devido ao período em que esteve submersa nas águas do rio. A cor de canela com que se apresenta hoje se deve à exposição secular à fuligem produzida pelas chamas das velas, lamparinas e candeeiros, acesas pelos seus devotos. Em 1978 a imagem sofreu um atentado que a reduziu a quase duzentos fragmentos. Foi então totalmente restaurada, no MASP, pelas mãos da artista plástica Maria Helena Chartuni. Através de estudos comparativos as características dos lábios sorridentes; do queixo encastoado, tendo, ao centro, uma covinha; do penteado e flores nos cabelos em relevo; broche de três pérolas na testa e porte corporal empinado para trás, concluiu-se que a autoria da imagem pode ser atribuída a um dos discípulos do monge beneditino frei Agostinho da Piedade ou ao seu irmão de Ordem, frei Agostinho de Jesus.
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