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sexta-feira, 10 de julho de 2009

Por Dilma Santana Miranda, diretora regional da APLB-Sindicato*

A morte de Santo deixa uma lacuna na militância comunista de Jequié pois ele foi militate do PC do B na época da Ditadura Militar.
Eu, como amiga e companheira de luta desde aquela época, faço um pequeno relato da sua vida orgânica.
Década de 1960, militávamos juntos, mesmo na clandestinidade, participávamos das reuniões em locais escondidos e na sua residência preparávamos o material do partido para ser distribuído com a militância. Era uma época difícil, pois éramos muito vigiados e mesmo às escondidas enfrentávamos a cruel Ditadura. Por conta das atividades partidárias, Santo é preso, permanecendo na prisão por 3 anos e meio. Ele sempre me relatava como foi difícil viver isolado durantes aqueles anos, longe da família e dos amigos.
Devido á luta do povo brasileiro, cai a Ditadura Militar,surgindo o movimento pela anistia aos presos políticos. E Santo é posto em liberdade, trazendo para si a tortura psicológica que o transformou numa pessoa triste e solitária.
Lembro-me muito do Santo do passado e do Santo do presente. Sempre estava com ele, almoçando no mercadão e no restaurante popular, trocando idéias sentada no banco da Praça Rui Barbosa, onde relembrávamos de tantos amigos que se foram, fazíamos também planos para o futuro.
Muitos brasileiros desapareceram por lutar por um país sem exploração, sem excluídos e sem preconceitos. Santo queria viver neste país. Por isso também lutou, mas foi prejudicado, perdendo emprego e parte da sua juventude.
Com o empenho da presidente do Grupo Tortura Nunca mais, Seção Bahia, Diva Santana, irmã da guerrilheira Dinaelza Santana Coqueiro, Santo, aos 72 anos, é indenizado, mas devido a burocracia e demora por parte do governo federal em fazer esta reparação pelos danos que a Ditadura Militar causou a Santo, a indenização não foi concretizada.
Santo partida, de forma repentina, deixou saudade e também uma boa lembrança. Vou ter sempre a sua imagem e orgulho por ter sido sua amiga.
Descanse em paz, meu amigo!
*Dilma Santana Miranda também sofreu com os horrores da Ditadura Militar no Brasil, iniciada em 1964. Ela perdeu sua irmã, Dinaelza Santana Coqueiro, uma das guerrilheiras do Araguaia que lutou contra o autoritarismo no País nos anos 1970.

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