Este é o Miscelânea, por Júlio Lucas

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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Esta edição do paponline.com revela um pouco mais do inquieto artista jequieense Zéu Britto



Neste paponline.com tem Zéu Britto: ator, músico e poeta. Inquieto e multifacetado artista jequieense com trabalhos consagrados no teatro, no cinema e na tv. 
Zéu fala da sua infância, da sua trajetória, dos próximos projetos e do prazer por ter sido convidado pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (SECUT) para ser o mestre de cerimônia do São João de Jequié 2011.

Júlio Lucas – Lembro de você, garoto em Jequié, dizendo gostar de música clássica, ao mesmo tempo em que já fazia brincadeiras que se tornariam sucessos musicais na sua carreira. Você tinha ideia de que suas performances espontâneas iriam ser fundamentais na sua trajetória?

Zéu Britto - Júlio queridão, em primeiro lugar é um prazer falar pra ti pra meu povo que festejo e gosto tanto. Na verdade as brincadeiras de criança já são manifestações artísticas, inquietudes da persona, e graças a Deus sempre tive liberdade para ousar. Fiz do quintal um palco e da minha família, uma platéia, tem riqueza maior que essa? Tinha que ser criativo, afinal de contas cabrito da caatinga, come pedra, sobe ladeira e agüenta tudo!

Júlio Lucas – Você saiu de Jequié para fazer vestibular em Salvador e lá resolveu fazer o Curso Livre de Teatro da UFBA. Se não seguisse a carreira artística, qual seria sua área?

Zéu Britto - Minha paixão por desenho e pintura me motivou um bom tempo a querer ser arquiteto, sem contar a influência de meu primo Micheli Neto, decorador maravilhoso e premiado, quase segui a mesma carreira dele. Como tocava teclado e violão, compus e brinquei bastante, percebi que as pessoas adoravam as músicas, as performances, enfim, o chamado do palco foi definitivo.

Júlio Lucas – Do Curso Livre para uma longa temporada com o Los Catedrásticos. Dali em diante participações na TV, no cinema, assinando trilha sonora, fazendo shows, CD, DVD. Tudo aconteceu muito rápido ou você teve tempo para digerir esses processos de criação e atuação e ainda lidar com o sucesso?

Zéu Britto - A gente não sabe de nada, só segue os impulsos e vai, vai, cada vez mais fundo. Cada convite que recebo, tomo como se fosse uma missão, a medida que você cumpre as missões vai vendo mais longe, com clareza e assim vai alcançando os sonhos. O sucesso é a comprovação factual de que você nasceu pra fazer determinada coisa, está então no caminho certo.

Júlio Lucas – Seu trabalho é uma profusão de referências multiculturais. Existe alguma pista para contextualizá-lo? Tropicalista, pós-moderno, pós-tudo - como diria Lenine -, ou é um catalisador indefinível deste “tudo ao mesmo tempo agora”?


Zéu Britto - A profusão de Gênios que já fizeram e aconteceram na Bahia, no Brasil e no mundo é um mosaico tão incrível que se as gerações futuras tentarem entender  de forma segmentada nunca conseguirão. Lenine, Tom Zé, Paulo Dourado, todos estão certos, a mistura é que influencia, tudo já foi feito várias vezes neste mundo mas toda vez que um artista se propõe a rever e reinventar, manifesta-se ali algo novo. Eu sou um pós moderno no fim do mundo de ouvidos abertos e olhos arregalados!

Júlio Lucas – Seja na música, na TV, no cinema ou no teatro, seu humor original chega a promover certa simbiose entre o artista e o personagem. Michelle Nicié disse que “para dirigir um bicho-artista (como você) ...tem que deixar o bicho solto”. Isso ajuda ou atrapalha na hora de seguir o script?

Zéu Britto - Cada experiência apresenta uma nova dificuldade, tem personagens que cabe liberar o bicho e usar muito de minha natureza mas também sou cobrado aqui ou ali å mudar, sempre estarei aberto como argila e acredito em bons diretores artesãos

Júlio Lucas – O público conhece mais seu lado humorístico, mas você atuou recentemente em obras dramáticas no cinema: Trampolim do Forte e Capitães da Areia. Como foram essas experiências?

Zéu Britto – Fan club em “Trampolim do Forte” foi recebido com emoção, sabia que vindo de João Rodrigo seria um roteiro fora de série e não deu outra, o filme é lindo! Vivi um travesti que ajuda uma criança a vingar seu amor, durante as filmagens sentia a vibração da história. Já o “Capitães da Areia”, dirigido por Cecília Amado, eu faço um gago e canto uma canção de Batatinha “É Proibido Sonhar”, direção musical do mestre Carlinhos Brown, foi massa também, fiquem atentos quando estes filmes entrarem em cartaz.

Júlio Lucas – Música, poesia, cinema, teatro, tv? Quais das linguagens você se identifica mais?

Zéu Britto - Todas elas fluem, são braços de um só corpo, não conseguiria destacar uma apenas. Curto muito saber que cada dia tem uma missão diferente, um desafio...

Júlio Lucas – E os projetos? A agenda continua sempre repleta das multifacetas de Zéu Britto ou tem planos para se dedicar a um trabalho mais específico?

Zéu Britto – Fazer o show “Saliva me ao vivo” que deu origem ao DVD, até outubro já tem muita coisa bacana agendada, entrei numa farra chamada Zorra Total e está sendo divertido, vou compor uma trilha especial pro musical “Prisioneiros da Balança”, texto de Elísio Lopes e direção de Otávio Muller, este trio foi sucesso em Decameron, enfim, quanto mais coisas melhor.

Júlio Lucas – “Nada trava o talento”; um dia você disse isso numa entrevista para o Outro Papo, um jornal local? Você diria algo mais aos jovens talentos que estão neste momento lendo a entrevista e pensando nas dificuldades da própria carreira?

Zéu Britto – Todos estão cheios de chama artísticas, é uma riqueza muito grande. Todo mundo pode ter uma boa idéia, gravar em vídeo, pensar em tudo direitinho e mandar pra rede, quando menos espera é gol, sucesso, sem precisar se lançar em rede nacional numa grande emissora, hoje são infinitas as possibilidades, o que faz vencer é uma boa defesa da idéia, defenda sua idéia com unhas e dentes, eu repito sempre, nada trava o talento verdadeiro...

Júlio Lucas – Zéu, já pensou alguma vez em mudar o mundo? Se isso lhe fosse possível realizar, o que faria?

Zéu Britto - Mudar o mundo é um delírio que tem que ser cultivado na mente, idealizado, sonhado, pra quando o sujeito tiver a oportunidade, acrescentar algo que melhore a qualidade das coisas e das pessoas ao redor. Eu penso em mudar o mundo com a arte, minha arma branca, dando um enfoque alegre para os dramas, as mazelas, eu sinto uma necessidade de transformar os fatos pesados em leves ao meu redor, isso é pouco mas é a minha parte.

Júlio Lucas – Ser recebido em sua terra natal para apresentar o São João em homenagem a Elba Ramalho, tem um gostinho especial? O Que o povo de Jequié e visitantes podem esperar de Zéu no São João de Jequié?

Zéu Britto - É uma felicidade Júlio, sou fã de Elba, uma profissional impecável sempre, um símbolo do são joão belo e feliz do nordeste! Sou orgulhoso deste nordeste igual ela, Ave Maria, eu não sou nada sem minha raiz de memória, meu gestual, meu sotaque, minhas crenças, enfim, ta tudo em Jequié, nos espinhos de calumbi, na humildade engraçada do povo e na poesia espontânea de lá. Vou me sentir em casa quando for mestre de cerimônias da maior festa da minha cidade, espero todo mundo. No mais, um abraço pra você e para os leitores desta entrevista, lembranças saudosas å Vaninha, meus amigos Tede e Marlon, dona Fátima e seu Alírio, abraço fraterno para todos.

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