Os Amantes, de René Magritte |
DEUSES DA NOITE
Copos vazios e sofismas
Abandonados sobre a mesa
Como quilha num mar de lama
Pensamentos fixos
E pernas cambaleantes
Avançam por corredores imóveis
Impregnados de orvalho fétido de mijo etílico
Mal-amanhados
Bailam sob ribaltas do submundo
Desafiam a gravidade da vida
Júlio Lucas (2001)
Onde néon e sombras intercalam-se
Compondo a festa dos amantes sem culpa
Na língua dionisíaca
Balbuciam indecências
Desobedecem à lei surda
Afrontam o sono profundo dos lares inertes
Motores aquecem garagens
Cheiro de café
Tilintar de talher
Gorjeios de cozinhas
Sinais da vida bocejante
Sem reminiscências da noite que acaba de morrer
E na cama-nave-louca entregues
Vertiginosamente inebriados de si
No quarto qualquer de hotel barato
Num êxtase que se diluirá como a noite
(Sem restos de reminiscências)
Os amantes voláteis sucumbem
ao amanhecer ardil
ao amanhecer ardil
Júlio Lucas (2001)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
QUEM INTERESSAR POSSA: